sábado, 8 de outubro de 2011

FINALMENTE, REALIZOU-SE O DESEJO QUE TANTO MANIFESTAVA!...

Josefina do Céu Relvas, mais conhecida por Irmã Céu, era oriunda do Jarmelo, de uma família muito numerosa, na qual estavam bem enraízados os valores ensenciais, humanos e cristãos, que facilmente foram transmitidos e assimilados por quem à família pertencia.
Os irmãos, na sua maioria, seguiram a via do matrimónio e deram origem a lares cristãos, que se estenderam aos netos e dos quais ainda se distinguem alguns que continuam a ser cumpridores dos seus compromissos e até colaboradores nas paróquias em que estão inseridos.
A Isabel, falecida aqui, já há longos anos, e a Josefina optaram por uma vida diferente. Embora já ambas na chamada idade madura, a Josefina respondeu mais cedo ao chamamento de Deus e entrou para a Liga dos Servos de Jesus, no Outeiro de S. Miguel. À Isabel coube a digna tarefa de cuidar da mãe até ao fim, e, só depois, ingressou na Liga.
Mas falemos da Josefina, que foi a que hoje nos deixou.
Com 89 anos, completados no dia 01 de agosto, teve a dita de ter sido recebida, na sua entrada para a Liga, pelo Sr D. João e de ter privado com ele, durante algum tempo. Contava muitos exemplos concretos de ajudas que recebeu dele. Um deles, que nos revela como o Fundador da Liga, a par da sua santidade, cultivava os valores humanos, foi fazer-se substituir por ele, na vigilância dos rapazes, por ter sido descoberta pelo então Bispo Auxiliar, meia desfalecida, porque a hora do almoço já tinha passado há muito e, aparentemente, ela tinha sido esquecida e não podia deixar as crianças sozinhas.
Foi, muito cedo, encarregada desta tarefa que desempenhou até há uns anos atrás, não muitos. Primeiro, no Outeiro de S. Miguel, com os internos, passou ainda pela Ruvina, mais tarde fixou-se na Cerdeira e ajudou numerosas famílias a criar os seus filhos, no Jardim de Infância do Centro de Assistência.
Muitos dos que atualmente são pais e avós das crianças que por aqui se desenvolvem, na Cerdeira e em muitas aldeias vizinhas, já devem à Ir Céu, todos em conjunto, parte da sua educação. E, honra lhes seja feita, por ela nutrem a máxima consideração e estima!
Na Comunidade, a Ir Céu dava o seu exemplo. Sempre atenta aos outros, mesmo quando já pouco podia: "precisa que lhe faça alguma coisa?", "quer que lhe ajude?", "venha almoçar connosco!" eram expressões que tinha gravadas e lhe brotavam espontaneamente da alma, esta última guardada do exemplo da mãe, que nunca deixava sair sem comer, quem entasse na sua casa.
Apesar das dores de cabeça, aliviadas momentaneamente pela medicação, estava sempre presente nos atos comunitários e passava todo o tempo que podia na capela.
Nos últimos dois anos, juntou àquelas expressões umas outras, que ninguém vai esquecer: "dói-me muito a cabeça", "já pedi a Deus que me levasse", "queria tanto ir para o céu!", mas teve de esperar até chegar a hora de Deus.
Passou dois dias em agonia e partiu num sábado, a seguir ao dia 07 de outubro, dia de Nossa Senhora do Rosário.
A Ir Céu deixa-nos exemplos que podemos seguir com facilidade: o amor à oração, o espírito de sacrifício e a preocupação dos outros, ainda que implique o esquecimento de si próprio.
Não pense que agora vai ficar descansadinha aí, Ir Céu! Também pertence ao grupo dos que iam repetindo: "não sei o que estão a fazer todos no céu!..."
Tem as necessidades da Liga bem presentes, não tem? Conhece-nos a todas em pormenor, não conhece? Então esqueça-se que tem obrigação de zelar pelo nosso progresso na perfeição e que a Liga precisa de ser renovada!
Imagino que, se isso fosse possível, a dor de cabeça se iria manter, pois já ouvi, tantas vezes, pedir para que interceda por nós junto de Deus e só há horas foi para lá!

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