quinta-feira, 3 de maio de 2012

HOMILIA DO Sr D. MANUEL, NA KILENDA!

FESTA DA INAUGURAÇÃO DA ESCOLA D. JOÃO DE OLIVEIRA MATOS, NA KILENDA,
ANGOLA ( 28 -04 -2012)

Senhor D. Benedito, Dignissimo Bispo desta diocese do Sumbe; Ex.cia Reverendissima. Reverendos Padres Concelebrantes, Religiosas e Religiosos presentes, Ministros do Altar, Serviços da Igreja presentes, Irmãos e Irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Senhora Administradora do Município da kilenda, Excia, e outras autoridades presentes.
1. Saúdo cordialmente o Senhor D. Benedito Roberto e os Reverendos Padres Concelebrantes, a começar pelo Pároco e 1º responsável por esta Missão, Reverendo Pe. Ferreira Bernardo. Saúdo toda a Missão, com as suas diversas zonas e centros pastorais, assim como as distintas aldeias aqui representadas. Saúdo os Sacerdotes e Religiosos desta região Pastoral, Centro da Diocese do Sumbe.
Dou abundantes graças a Deus pela Festa que hoje celebramos e que, de facto, começou já na quinta-feira passada, com grande empenhamento dos movimentos, serviços e obras desta Missão da Kilenda, a começar pelos catequistas, que assim desejam associar-se ao acontecimento da inauguração da Escola D. João de Oliveira Matos. É uma Escola que, por graça de Deus e iniciativa das Irmãs da Liga dos Servos de Jesus, uma Associação Pública de Fiéis, de Direito Diocesano, sediada na Diocese da Guarda, agora fica devidamente equipada para ajudar crianças, jovens e mesmo adultos, desta vasta Missão e deste Municipio da Kilenda.
2. A Palavra de Deus que escutamos convida-nos a reconhecer o poder e a força de Deus, manifestados na pessoa do Apóstolo S. Pedro. Segundo a passagem dos Atos dos Apóstolos, que acabámos de proclamar, Pedro restitui a saúde a um paralítico e a vida a uma pessoa que estava morta, em nome de Jesus, e depois de ter levantado para o Senhor a sua confiante oração. Toda a gente ficou admirada com este gesto portentoso do Apóstolo e acreditou no Senhor Jesus. Também nós vivemos a consciência e a certeza de que Jesus Ressuscitou e continua vivo no meio de nós, para nos dar vida e vida em abundância.- É essa também a força da Eucaristia, alimento para a vida do tempo e da eternidade. Ao celebrarmos a Eucaristia, como o estamos a fazer agora e repetimos, pelo menos, em cada domingo, sentimos a força da vida a passar por nós, a transformar-nos, segundo a medida de Cristo, para que também nós possamos participar na transformação do mundo, para bem de todos e cada uma das pessoas. É da Eucaristia que nos fala também o Evangelho, encerrando um ciclo neste tempo pascal, em que completamos a leitura, feita durante oito dias seguidos, do capítulo VI do Evangelho de S. João, todo ele sobre o mistério da Eucaristia. Porque mistério não pode ser compreendido pela inteligência humana, pelo menos sem o suplemento da luz sobrenatural do Espirito Santo. Por isso, quando Jesus afirmava, com clareza, a sua presença real no pão Eucarístico, alguns discípulos recusaram-se a acreditar e foram-se embora. A dúvida ter-se-á mesmo instalado no coração dos Apóstolos, o que deu ocasião para Jesus lhes ter recordado, também, a gratuidade e o carácter sobrenatural da Fé no mistério Eucarístico, ao dizer “ ninguém pode vir a mim se não lhe for concedido por meu Pai”. E para que todas as dúvidas fossem afastadas da cabeça e do coração dos Apóstolos, Jesus volta-se para eles e pergunta-lhes frontalmente e sem rodeios: “ também vós quereis ir embora?” Em nome do grupo, Pedro adianta-se para dar a sua resposta pronta: “ a quem iremos nós, Senhor, só Tu tens palavras de Vida Eterna”. Também nós hoje, com a celebração da Eucaristia, e, depois, com a Procissão Eucarística, até a Casa D. João de Oliveira Matos, pelos caminhos de nossa Terra, queremos, publicamente, manifestar a nossa Fé no Senhor Jesus, presente no Pão consagrado, como os Apóstolos o fizeram.
3. A presença de Cristo Ressuscitado e Vivo, no hoje da nossa vida pessoal e comunitária, é uma força muito grande e uma poderosa razão de esperança. Em Cristo vivo e Ressuscitado, o nosso Deus continua a renovar as suas maravilhas no mundo. E, para realizar as suas maravilhas, serve-se de pessoas e instituições. E hoje, para acompanhar de perto crianças, jovens e mesmo adultos desta Missão e deste Município, quer passar a contar com serviços da Escola D. João de Oliveira Matos, que as Irmãs da Liga dos Servos de Jesus, chegadas da Diocese da Guarda, colocam, a partir de agora, à vossa disposição. Acreditamos que esta Escola com capacidade, para já, de oferecer formação a cerca de 500 alunos, vai ser um grande sinal da presença e do amor de Deus, nesta terra do Município da Kilenda. É natural que nos perguntemos: quem foi ou quem é esta figura de D. João de Oliveira Matos, que dá o nome à Escola, e quem são as Irmãs da Liga dos Servos de Jesus, de onde vêm e porque tomam a decisão de se fixarem neste Município da Kilenda, para acompanharem de perto as pessoas, sobretudo as crianças que agora despertaram para a vida? Sinto-me na obrigação de vir dar alguns elementos de resposta a estas naturais e legítimas perguntas.
O Senhor D. João de Oliveira Matos foi um Bispo que, durante 40 anos, serviu a Diocese da Guarda, numa grande relação de proximidade com as pessoas e instituições da Diocese. Em momentos de muita dificuldade, procurou transmitir-lhes as grandes razões de esperança vindas de Cristo e do seu Evangelho. Quando a Igreja era perseguida pelos responsáveis políticos de então, e a sua ação dificultada ao máximo, decidiu apostar na formação de pessoas e no esclarecimento da sua Fé. Para isso, promoveu o amor à Eucaristia, incluindo a Adoração Eucarística e a atitude de reparação, no Povo de Deus em geral. Começou por aqueles e aquelas que se distinguiram pelas suas capacidades especiais. Também quis relançar a catequese e a formação das pessoas, nos pontos essenciais da Fé. Para isso, promoveu retiros e o empenho na renovação da Catequese Paroquial. Percebeu, também, desde o princípio, que uma Igreja sem caridade organizada não é a Igreja de Cristo e, portanto, não poderia cumprir a sua missão. Eis o motivo por que surgiu, espontaneamente, no plano de D. João de Oliveira Matos, o apoio a crianças e a jovens, por meio da organização de escolas, de centros de assistência na doença ou outras necessidades, o acolhimento aos mais necessitados, desde crianças e jovens em risco, até aos mais idosos.
É próprio dos carismáticos, como o foi o Servo de Deus, D. João de Oliveira Matos, terem capacidade para reunir os meios necessários em ordem aos fins que se propõem. A Liga dos Servos de Jesus, fundada por ele, foi um desses meios, sendo, presentemente, uma Associação Pública de Fiéis, de direito diocesano, sediada na Diocese da Guarda. Aqui está, a partir de agora, entre vós com uma dupla finalidade: aprofundar a comunhão entre as duas Igrejas, que se amam e se estimam na Pessoa de Cristo; e, também, cooperar com as instituições deste Município e deste país, em ordem a responder às necessidades das pessoas. A razão da sua presença aqui é contribuírem para a promoção do bem total das pessoas, a começar pelos mais débeis, crianças e jovens, mas sem deixarem de atender às necessidades dos adultos. A Escola D. João de Oliveira Matos é tão só um dos instrumentos que queremos colocar, com a máxima eficiência possível.
O Bispo D. João de Oliveira Matos tem, neste momento, em fase adiantada e já na Cúria romana, o seu Processo de Beatificação e canonização. Rezemos também para que, em breve, as suas virtudes e arte de bem-fazer sejam reconhecidas publicamente na Igreja, com a solene Beatificação e, assim, este Servo de Deus nos possa motivar ainda mais pelos caminhos do amor e da comunhão que o Evangelho tanto nos recomenda.
Louvo o Senhor pelos primeiros Servos externos da Liga dos Servos de Jesus que, hoje, diante de nós, a começar pelo nosso Pároco, vão fazer publicamente o seu compromisso. Confiamo-los, desde já, à intercessão do Senhor D. João de Oliveira Matos.



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