Ir. Felicidade:
Não ficaria a bem com a minha consciência se não
escrevesse algo sobre
a Ir. Alcide. Se pudessem colocar no Blog da
Liga estas palavras e a foto que envio, agradecia.
O testemunho de uma
missionária
Ao receber a notícia da morte da Ir.
Alcide, ainda que esperada, vários foram os meus sentimentos: de tristeza pela
sua partida de quem ainda havia muito a esperar; de ação de graças pelo bem
imenso feito ao longo da sua vida; de paz interior, que nasce da certeza que a
vida após a morte é um encontro com o amor misericordioso de Deus, revelado em Jesus
que ofereceu a sua vida por nós.
Conheci a Ir. Alcide desde os meus
primeiros anos de sacerdote, mas foram os últimos seis anos que me ajudaram a
perceber o segredo da sua vida e a sua ânsia missionária. Estou certo que a
parábola do Evangelho, ela a viveu de um modo muito generoso: o tesouro não é
para ficar escondido no campo, mas para ser distribuído por todos.
A fundação da Liga dos Servos de
Jesus em Angola não foi fácil: o envelhecimento dos membros da Liga, a aventura
do desconhecido e o encontro com novas culturas, as dificuldades burocráticas e
económicas que se colocavam á expansão do carisma encontraram na Ir. Alcide uma
fé generosa a lançar-se nesta aventura. Já antes, ainda jovem, sonhara com a
missão, como horizonte da sua vocação. Mas foi nos últimos cinco anos que esse
sonho se concretizou. Estou a ver a alegria do envio missionário no dia 17 de
fevereiro de 2008, na nossa Sé Catedral, a partida no dia 11 de agosto desse
mesmo ano e as experiências da missão por ela narradas.
Na segunda-feira anterior à sua
partida para o Pai visitei-a no seu leito de dor. Ao pedir-lhe que oferecesse
os seus sofrimentos pela Liga, disse-me que «tudo já estava oferecido». Dias
antes tinha confidenciado que, por ela, pedissem perdão a todas as irmãs por
tudo quanto de mal tinha feito e lhe desculpassem os seus erros e omissões.
A fundação da Liga em Angola, na
missão ad gentes, está agora mais enraizada. Costuma dizer-se que uma nova
fundação só se realiza quando um dos fundadores morre pelo povo ao qual é
enviado. O seu corpo jaz no cemitério da Arrifana, ao lado de muitas
companheiras de ideal, mas o seu coração ficou em Angola. Nela se realizaram as
palavras do Senhor D. João: «Desejamos ser servos de Jesus, desejamos ser seus
apóstolos? Procuremos que só o Mestre seja louvado e glorificado por todos, não
ambicionemos outra recompensa, senão o maior louvor e glória do Senhor.
Seremos, assim, servos de Jesus e os seus maiores amigos».
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António Manuel Moiteiro Ramos
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