domingo, 16 de novembro de 2008

RECOLECÇÃO MENSAL, NO ROCHOSO:

O tema desta recolecção foi o mesmo da anterior, embora neste momento já se conhecesse a Mensagem de Bento XVI, o que dava margem a apresentações mais detalhadas. Também o facto de ter sido desenvolvido por pessoas diferentes, deu lugar a interpretações suigéneres da doutrina que lhes serviu de base. Como a orientação deste encontro diferiu da do outro nos timings, as reflexões foram mais longas. Por isso acrescentam-se alguns pormenores.
"O Senhor Padre nunca se havia de calar!..."
Foi esta a observação que foi para o ar, e todas pudemos ouvir, quando terminou a reflexão que o senhor Pe Martins ofereceu à nossa “sede” de encontrar aquilo de que a nossa alma mais carece como “manjar suculento”, para o seu progresso e sobrevivência espiritual.
Receoso de si próprio, cortou logo a palavra à autora, pois conhece a máxima do Senhor D. João: “Um elogio é pior que um tiro!” e, embora conte já com um grau superior de maturidade, nunca fiar!...
Mas foi, de facto, um grito espontâneo que poderia ter sido uma exclamação feita em uníssono, já que interpretou bem os sentimentos de todo o grupo. Na realidade, tinha falado muito bem, mas com a ajuda do Espírito, como ele próprio sublinhou, várias vezes!
O tema de reflexão foi, mais uma vez, a PALAVRA DE DEUS, segundo a Mensagem do Santo Padre, ao Povo de Deus, no encerramento do Sínodo dos Bispos, 2008.
Segundo este documento, a PALAVRA DE DEUS é um “Canto a várias vozes”, uma verdadeira polifonia.
1ª Voz: Neste canto, a 1ª voz é a 2ª Pessoa da SS Trindade. Jesus, a PALAVRA, fundamento da comunicação no seio da Trindade, sua pátria.
2ª Voz: A PALAVRA DE DEUS, na obra da criação. O livro maravilhoso que é o próprio mundo, que se torna a voz de Deus, que nós só não ouvimos ou não compreendemos, se não prestarmos atenção. “Não são palavras, nem linguagem, cujo sentido se não perceba…”. O mundo não só revela a grandeza de Deus, como a grandeza que Deus conferiu ao homem. Fez dele quase um ser divino, como afirma o autor do Sl 8. O homem é quase um ser divino, mas não é Deus, tem de reconhecer que depende de Deus. Nesta reflexão, o homem acaba por concluir que a Palavra de Deus também se faz ouvir dentro de si próprio.
3ª Voz: Jesus Cristo, a Palavra feita carne. A vida de Jesus é palavra. Em Jesus a palavra assume um rosto. Palavra sem rosto não é perfeita. Temos o exemplo de Job, quando diz, arrependido de ter duvidado de Deus, porque não O viu: “Os meus ouvidos tinham ouvido falar de Ti, mas, agora, vêem-Te os meus próprios olhos…”. Jesus diz a Filipe: “Quem Me vê, vê o Pai; Jesus, o rosto do Pai. “Maria escolheu a melhor parte”, porque escolheu Jesus, “a única coisa necessária”, e não a sua palavra.
4ª Voz: A PALAVRA DE DEUS, no anúncio dos Profetas e dos Apóstolos, na transmissão oral, antes de ser escrita na Bíblia.
5ª Voz: A Sagrada Escritura, que é palavra de Deus enquanto explica Jesus Cristo. Toda a Escritura, Antigo e Novo Testamento, fala de Jesus, ou melhor, Jesus fala em todas as Escrituras. Na leitura da Bíblia, o que devemos procurar é Jesus Cristo e não a verdade, ou qualquer outro conceito.
6ª Voz: PALAVRA DE DEUS, na Igreja. A revelação acabou, com o Novo Testamento, mas o percurso da palavra não. Continua o seu percurso na vida da Igreja, na palavra transmitida: as homilias, a catequese e a caridade são PALAVRA DE DEUS. O grande momento de Pastoral, para o Padre é a homilia e não as inúmeras reuniões que ele se propõe organizar e a elas presidir. Temos consciência desta realidade, quando recebemos ou damos catequese. Enquanto membros da Igreja, e na medida em que nos deixamos conduzir pelo Espírito, somos mediadores, instrumentos da PALAVRA DE DEUS.

LEITURA DA BÍBLIA

Tanto nas proposições (dos Bispos para o Papa, para discussão durante o Sínodo), como na mensagem (do Papa para o Povo de Deus, com conclusões), se fala na leitura orante da Sagrada Escritura.
O Sínodo propõe a todos o encontro com Cristo, palavra feita carne. Para bem ler a Bíblia, o cristão pode e deve contar com a ajuda do Espírito, mas nós temos poder para aceitar ou rejeitar essa ajuda, isto é, temos o poder de nos opormos à acção de Deus. Deus criou-nos com liberdade.
A leitura da Bíblia deve incidir sobre um texto. Pressupõe ESCUTA, para se entrar dentro do texto como se dele fôssemos personagens. Depois, é preciso SILÊNCIO. Um outro elemento imprescindível é o TEMPO. Não se faz uma leitura a correr, num bocadinho que não dá para fazer mais nada. O Espírito e Deus não andam ao ritmo da nossa pressa.

PS: Os momentos requeridos para a leitura, já se encontram no resumo da Recolecção do mês passado, explicados pelo Senhor Pe Eugénio.
Aqui, apenas se enumeram: leitura, meditação, oração e contemplação.

A pergunta: O que é que Deus nos pede? Deve levar-nos à conversão, à mudança de vida. Cristo morreu e ressuscitou para nos salvar. O facto de ter morrido para nos salvar não nos deve conduzir à passividade, à ideia de que já temos tudo feito. O nosso esforço é muito importante. Jesus, para morrer por nós, não foi colocado no Calvário com tudo preparado. Ele teve de percorrer o caminho!
A fé deve levar-nos à ideia da vida eterna. Nós queremos viver sempre e ser felizes e isto só se concretiza se nos salvarmos. Os que não se salvam também vivem sempre, mas não são felizes, bem ao contrário.
Ninguém nos pode colocar na meta, sem nos permitir fazer o percurso. Isso seria um resultado falso!
Tenhamos fé na vida eterna. Não digamos que tudo acaba aqui.
Sem fé na vida eterna, quem se disporá a amar os inimigos, a fazer bem a quem lhe faz mal?

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