quinta-feira, 22 de novembro de 2012

FINALMENTE, O "SUBSÍDIO" ANSIADO!...


O  Concílio (diapositivo 1)
O Concílio Ecuménico Vaticano II é convocado pelo Papa João XXIII a 25 de janeiro de 1959 (diapositivo 2) na Basílica de S. Paulo Extra Muros. Aquilo que previam ser um papado calmo e tranquilo, tornou-se num tempo de renovação para toda a Igreja.
Após dois períodos: um ante preparatório (1959-1960) e outro preparatório (1960-1962), (diapositivo 2) a 11 de outubro de 1962, inicia-se o Concílio. Entretanto, a 03 de junho de 1963, morre o Papa João XXIII. A 21 de junho de 1963, é eleito o cardeal Montini, Sucessor de Pedro, com o nome de Paulo VI. (diapositivo 2) A 26 de setembro, arranca a segunda etapa conciliar que decorre até 04 de dezembro. A terceira etapa acontece entre 14 de setembro e 21 de novembro de 1964 e a última etapa decorre de 14 de setembro a (diapositivo 2) 8 de dezembro de 1965.
(diapositivo 3) Contém quatro constituições dogmática: Sacrossatum Concilium (Liturgia); Lumen Gentium (Igreja); Dei Verbum (Revelação Divina) e Gaudium et Spes (mundo atual). Contém ainda 12 Decretos, a saber: 1. sobre os meios de comunicação social; 2. Sobre as Igrejas Orientais católicas; 3. Ecumenismo; 4. Ministério pastoral dos Bispos; 5. Sobre a vida religiosa; 6. Sobre a formação sacerdotal; 7. Sobre a educação cristã; 8. Sobre as religiões não cristãs; 9. Sobre o apostolado dos leigos; 10. Sobre a liberdade religiosa; 11. Sobre a atividade missionária; 12. Sobre os sa
                            
         Constituição Dogmática “Dei Verbum”
Para a discussão desta Constituição Dogmática, chegaram a Roma 102 “proposições” divididas em dois grupos: 1. Sagrada Escritura e 2. Sagrada Tradição.
Esta Constituição é fruto também de um amadurecimento de Encíclicas de Leão XIII, Bento XV e Pio XII. Demorou bastante tempo para que a Igreja desse o devido valor à Sagrada Escritura. O atual texto não foi o inicialmente elaborado, mas a um determinado momento das discussões conciliares levou-se a cabo a reelaboração da constituição e a 18 de novembro  de 1965, recebeu 2344 votos a favor e 6 contra.
2.1. O Capítulo I da Constituição é sobre a Revelação.
2.1.1.      Natureza e objeto da revelação: Deus revela-se a si mesmo ao dar a conhecer o mistério da Sua vontade em Cristo, Verbo encarnado. “Esta «economia» da revelação realiza-se por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras. (…) a verdade profunda, tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo.” DV2
2.1.2.      Preparação da revelação evangélica: Percurso de Abrão (patriarcas), profetas e Salvador.
2.1.3.   Consumação e plenitude da revelação em Cristo: “Com efeito, enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus (cfr. Jo. 1, 1-18).” DV4
2.1.4.      Aceitação da revelação pela fé: pelo dom da fé o homem entrega-se totalmente e livremente a Deus. Para que aconteça a adesão temos a ajuda da graça divina e o auxílio do Espírito Santo, “o qual move o coração, abre os olhos do entendimento, e dá a «todos a suavidade em aceitar e crer na verdade»DV5
2.1.5.      Necessidade da revelação: Fazer participar toda a humanidade dos bens divinos que superam em absoluto a capacidade da inteligência humana (cf DV6).
2.2. O Capitulo II é sobre a Transmissão da Revelação
2.2.1.    Os apóstolos e os seus sucessores, transmissores do Evangelho: Apóstolos pregam e os Bispos são os seus sucessores
2.2.2.      A Sagrada Tradição: “os Apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam, advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por palavras quer por escrito (cfr. 2 Tess. 2,15), e a que lutem pela fé recebida duma vez para sempre (cfr. Jud. 3)”; “a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita.” DV8
2.2.3.      Relação entre a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura: “A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação” DV9
2.2.4.      Relação de uma e outra com a Igreja e com o Magistério eclesiástico: “o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição (8), foi confiado só ao magistério vivo da Igreja (9), cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido” DV10
2.3. O Capítulo III é sobre A inspiração divina da Sagrada Escritura e a sua interpretação
2.3.1.      Natureza e inspiração da Sagrada Escritura: inspiração do Espírito Santo
2.3.2.    Interpretação da Sagrada Escritura: inspiração divina, géneros literários estudos exegéticos e hermenêuticos.
2.3.3.   Condescendência de Deus: “Portanto, na Sagrada Escritura, salvas sempre a verdade e a santidade de Deus, manifesta-se a admirável «condescendência» da eterna sabedoria, «para conhecermos a inefável benignidade de Deus e com quanta acomodação Ele falou, tomando providência e cuidado da nossa natureza» . As palavras de Deus com efeito, expressas por línguas humanas, tornaram-se intimamente semelhantes à linguagem humana, como outrora o Verbo do eterno Pai se assemelhou aos homens tomando a carne da fraqueza humana.” DV 13
2.4. O Capítulo IV é sobre o Antigo Testamento
2.4.1.     A história da salvação consignada nos livros do AT
2.4.2.  A importância do AT para os cristãos: “A «economia» do Antigo Testamento destinava-se sobretudo a preparar, a anunciar profeticamente (cfr. Lc. 24,44; Jo. 5,39; 1 Ped. 1,10) e a simbolizar com várias figuras (cfr. 1 Cor. 10,11) o advento de Cristo, redentor universal, e o do reino messiânico.” DV 15
2.4.3.      Unidade de ambos os testamentos
2.5. O Capítulo V é sobre o Novo Testamento
2.5.1.      Excelência do Novo Testamento
2.5.2.    Origem apostólica dos evangelhos: A Igreja defendeu e defende sempre e em toda a parte a origem apostólica dos quatro Evangelhos. Com efeito, aquelas coisas que os Apóstolos, por ordem de Cristo, pregaram, foram depois, por inspiração do Espírito Santo, transmitidas por escrito por eles mesmos e por varões apostólicos como fundamento da fé, ou seja, o Evangelho quadriforme, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João.” DV 18
2.5.3.      Caráter histórico dos Evangelhos
2.5.4.      Restantes escritos do Novo Testamento
2.6. O Capítulo VI é sobre o A Sagrada Escritura na Vida da Igreja
2.6.1.    A Igreja venera as Sagradas Escrituras: “É preciso, pois, que toda a pregação eclesiástica, assim como a própria religião cristã, seja alimentada e regida pela Sagrada Escritura.” DV21
2.6.2.   Traduções da Sagrada Escritura: “a Igreja procura com solicitude maternal que se façam traduções aptas e fiéis nas várias línguas, sobretudo a partir dos textos originais dos livros sagrados. Se porém, segundo a oportunidade e com a aprovação da autoridade da Igreja, essas traduções se fizerem em colaboração com os irmãos separados, poderão ser usadas por todos os cristãos.”  DV 22
2.6.3.      Investigação bíblica: “O sagrado Concilio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças” DV 23
2.6.4.      Importância da Sagrada Escritura para a Teologia: “o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura.” DV 24
2.6.5.      Leitura da Sagrada Escritura: “sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis, mormente os religiosos, a que aprendam «a sublime ciência de Jesus Cristo» (Fil. 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» . Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque «a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos»” DV 25
2.6.6.  Influência e importância da renovação escriturística: «a palavra de Deus se difunda e resplandeça (2 Tess. 3,1), e o tesouro da revelação confiado à Igreja encha cada vez mais os corações dos homens. Assim como a vida da Igreja cresce com a assídua frequência do mistério eucarístico, assim também é lícito esperar um novo impulso de vida espiritual, se fizermos crescer a veneração pela palavra de Deus, que «permanece para sempre» (Is. 40,8; cfr. l Pe 1, 23-25).» DV 26

Após o Concílio Vaticano II e após ter sido redigida esta constituição, houve um florescimento de grupos bíblicos, uma renovação bíblica nível litúrgico, teológico e catequético; a divulgação da lectio divina; uma animação bíblica pastoral; a Sagrada Escritura ganha o lugar que nunca devia ter perdido: o coração e o pensamento de cada crente.
Para reflexão:
- qual é o meu contato com a Bíblia?
- costumo ler e meditar a Palavra com frequência?
- preocupo-me por aprender mais acerca da SE?


Carta Apostólica: Porta Fidei – algumas considerações
Baseado na passagem Bíblica de Act 14, 27: “Assim que chegaram, reuniram a igreja e contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé.”, o santo Padre convoca um Ano da Fé. Será que se perdeu fé? Será que a fé também está em crise? Será que é preciso tornar a beber da fonte para sabermos as razões da nossa fé? Será que temos dado testemunho vivo da fé?
São muitas as interrogações que nos podem surgir. Onde se alimenta a nossa fé? Para isto eu tenho duas respostas: na Palavra e no Coração. Diz o Santo Padre: que só é possível entrar-se na fé e na comunhão com o Pai (diapositivo 2) quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma.
A Palavra é anunciada e o coração fica plasmado para que a graça de Deus o transforme. È uma bela definição do que é ter fé. Confunde-se fé de acreditar com fé de satisfação pessoal. Claro que, quando se descobre que fé é acreditar e viver na vontade de Deus, a sociedade atual repele esta forma de viver, porque é mais fácil saber-se o que cada um quer e só se fazer o que se quer e ter quem satisfaça as suas próprias necessidades individuais.
Para que nada disto aconteça e a fé não seja uma mera satisfação de prazeres pessoais, o papa lembra que o início do itinerário da fé encontra-se no (diapositivo 3) Batismo. Entrar pela porta da fé e ser-se batizado, exige que se ouça a Palavra, se acredite na Palavra e se viva segundo a Palavra. Lembra o Catecismo da Igreja Católica no n.º 1266: (diapositivo 4) A Santíssima Trindade confere ao batizado a graça santificante, a graça da justificação que: 1, o torna capaz de crer em Deus, esperar n’Ele e O amar, pelas virtudes teologais; 2. Lhe dá poder de viver e agir sob a moção e pelos dons do Espírito Santo; 3. Lhe permite crescer no bem, pelas virtudes morais.
Assim, o Papa lembra a necessidade de (diapositivo 5) redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Será que as nossas faces transparecem esta alegria? Será que quem nos vê, vê Cristo? Costumo dizer e pensar (uma das coisas que mais me atormenta) se a minha vida está cada vez mais conforme a vida de Cristo. Às vezes pode haver uma acomodação exagerada na nossa maneira de ser e de estar. Será que alguma vez na vida iremos dizer “Somos servos inúteis?”. Quem me/nos encontra, encontra o brilho de Cristo?
Somos sal da terra e luz do mundo? Para que serve o sal se não for para salgar e para que serve a luz se não para iluminar? Seremos sal, tanto quanto mais sorrirmos e vivermos o sabor de Cristo no coração. Seremos mais luz, tanto quanto mais iluminarmos e formos farol para a vida dos que nos rodeiam. E reparamos como aqui está a base dos mandamentos: Amar a Deus (sal/sabor) e amar o próximo (luz/iluminar) (diapositivo 6) Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16).
Quando alguém sente sede, somos a água que refresca ou somos o poço profundo que a estanca? D. António Couto, Bispo de Lamego e presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, após o Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização diz que: não podemos ficar fechados em nós para que a água não fique inquinada (estanques) porque assim fica estragada. É preciso fazer sair a água. Penso que hoje a humanidade está mais cheia de sede do que nunca, tanto a nível físico como espiritual. Nós que fazemos parte do grupo de batizados, somos uma samaritana já iluminada por Jesus, ou uma samaritana que ainda precisa de encontrar Jesus. Diz o Papa: (diapositivo 7)  também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14). Não há que ter medo de reconhecer isto. Há também que ter a coragem de ir mais vezes ao poço e não virar a cara à fonte da água.
Pode ainda acontecer que num qualquer momento da vida, e porque o sal se foi perdendo e, consequentemente a força da luz, surja a questão: (diapositivo 8) «Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?» (Jo 6, 28). Quem se lembra da resposta de Jesus? «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6, 29). E isto é algo de profundamente belo e exigente: Acreditar. Crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação.
O Papa Bento XVI, utilizando palavras do Beato João Paulo II, deixa esta passagem que transmite a razão de ser da coincidência do Ano da Fé com os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II.  Os textos do Concílio (diapositivo 9)   «não perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa». Interessante esta palavra utilizada: bússola. A bússola como instrumento que orienta o caminho na direção certa (direção pretendida). O Concílio como o caminho para uma Igreja verdadeiramente: Anúncio, Colegial, que vive da Palavra, Caridade, Sinal, Missionárias, do Coração e da Razão.
Através dos textos do próprio Concílio, encontra-se o caminho para que se realize a renovação da Igreja através de uma passagem de testemunho entre todos os crentes: (diapositivo 10) os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou.
É por tudo isto que, (diapositivo 11) o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. É preciso conversão. Muita conversão. Uma conversão constante. Converter é mudar para melhor ou mudar uma coisa por outra. Não deveria ser assim o nosso ser? Constantemente em conversão? Somos assim? Há interesse para que assim se seja? D. António Couto, Bispo de Lamego, diz também que o “Sacramento da Nova Evangelização é o da penitência. Não o de uma penitência que é imposição para os outros, mas uma penitência/renovação/conversão que comece por nós para rever a nossa vida e mentalidade, indo ao encontro deste mundo para o abraçar em vez de excomungar.” (diapositivo 12) Só o amor leva à conversão!
«Caritas Christi urget nos(diapositivo 13) o amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Mas será que nos sentimos assim? Impelidos a ir? A anunciar? A evangelizar? A deixar que a água do nosso poço transborde para fora e vá ao encontro dos que têm sede e dos que ainda não a sentem? Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, (diapositivo 14) Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Vai anunciar… vai pelo mundo fora… vai anunciar a Boa-Nova. Às vezes penso que não o faço nada bem… Mas também penso que vou conseguir fazer melhor. Às vezes penso que muitos outros dão melhor testemunho da fé porque falam, conversam, respiram a Palavra… Mas também penso que a Igreja, tem perdido muito o respirar da Palavra.
Para haver evangelização e nova evangelização, tem que existir convicção e empenho da parte de quem a faz, por isso é preciso urgentemente: (diapositivo 15) descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. É preciso que haja compromisso missionário dos crentes, de nós! O que é a fé? O que é ter fé? O papa também nos relembra: experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria.
Por conseguinte, (diapositivo 16) só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus.
Ao longo do Ano da fé: (diapositivo 17) Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo.
Três são os pontos fundamentais que durante o ano da fé, e durante o nosso peregrinar, devemos viver mais intensamente: (diapositivo 18) 1. o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança; 2. intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força»; 3. o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada.
Qual é o percurso então a percorrer? Como fazer as coisas? O que está cada um disposto a fazer para que a fé seja professada, celebrada e vivida? O Santo Padre deixa-nos as Palavras do Apóstolo Paulo: (diapositivo 19) «Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé» (Rm 10, 10). (diapositivo 20) O coração indica que o primeiro ato, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e ação da graça que age e transforma a pessoa até ao mais íntimo dela mesma.
A este respeito, é muito eloquente o exemplo de Lídia. Narra São Lucas que o apóstolo Paulo, encontrando-se em Filipos, num sábado foi anunciar o Evangelho a algumas mulheres; entre elas, estava Lídia. «O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia» (Act 16, 14). O sentido contido na expressão é importante. São Lucas ensina que o conhecimento dos conteúdos que se deve acreditar não é suficiente, se depois o coração – autêntico sacrário da pessoa – não for aberto pela graça, que consente ter olhos para ver em profundidade e compreender que o que foi anunciado é a Palavra de Deus.
Na forma individualista e egoísta do viver atual, com facilidade se tem caído no individualismo exagerado da fé: eu cá tenho a minha fé (parecendo que há várias fés); Não preciso de ir à Igreja para rezar (como que a Igreja seja simplesmente um conjunto de pedras edificadas e não o conjunto de pessoas que se unem na mesma fé e na mesma esperança). Por isto é que a fé é mais do que a boca: é o coração que testemunha na vida pública o que se acredita! (diapositivo 21) O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um facto privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. «Estar com Ele» leva a que se esteja n’Ele. Estar com Jesus é entrar dentro de Si mesmo e permanecer a ouvi-l’O com serenidade. È aprender d’Ele a acreditar e a ter a necessidade de dizer “Senhor, aumenta a minha fé”.Será que alguma vez a fé é tão grande que não precise de crescer mais? Como vai crescendo, vai também tornando a nossa pessoa mais responsável no que acredita “com o coração, com a alma, com o entendimento e com as forças”. Não deveriam existir mais dias de Pentecostes? Ou o dia de Pentecostes não deveria acontecer todos os dias?.
(diapositivo 22) A própria profissão da fé é um ato simultaneamente pessoal e comunitário. Primeiro eu descubro e depois eu respondo com o testemunho comunitário. Eu creio; nós cremos!
A fé é uma adesão e para que haja adesão implica-se que, quando se acredita, se aceita livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o próprio Deus, que Se revela e permite conhecer o seu mistério de amor.
Por outro lado, não podemos esquecer que, (diapositivo 23) no nosso contexto cultural, há muitas pessoas que, embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo. Esta busca é um verdadeiro «preâmbulo» da fé, porque move as pessoas pela estrada que conduz ao mistério de Deus. Muito se procura a Porta da Fé. No estudo entregue à conferência episcopal onde se dizia que são cerca de 14% os que se consideram não crentes e sem religião, pode estar aqui um dos sinais de que a porta da fé está a ficar mais desocupada, ou seja, é procurada, mas não há orientação suficiente para que seja encontrada!
Se é o Concílio Vaticano II um meio de caminhar em solidificação da fé, também o (diapositivo 24) Catecismo da Igreja Católica apresenta uma síntese sistemática e orgânica da fé. Nele, de facto, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé.
1. Profissão de Fé – 2. Celebração do Mistério cristão – 3. Vida em Cristo – 4. Oração
Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2): n’Ele encontra plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se homem, do partilhar connosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N’Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação.
(diapositivo 25) Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigénito, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egipto a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. Act 1, 14; 2, 1-4).
(diapositivo 25) Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (cf. Mc 10, 28). Acreditaram nas palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na sua Pessoa (cf. Lc 11, 20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a sua doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos como seus discípulos depois da morte d’Ele (cf. Jo 13, 34-35). Pela fé, foram pelo mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16, 15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram fiéis testemunhas.
(diapositivo 25) Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida à volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em comum aquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (cf. Act 2, 42-47).
Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho que os transformara, tornando-os capazes de chegar até ao dom maior do amor com o perdão dos seus próprios perseguidores.
(diapositivo 25) Pela fé, homens e mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o Senhor, que não tarda a vir. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma acção em prol da justiça, para tornar palpável a palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos (cf. Lc 4, 18-19).
Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cf. Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados.
Pela fé, vivemos também nós, reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história.
(diapositivo 26) O Ano da Fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da caridade. Recorda São Paulo: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade» (1 Cor 13, 13). A Caridade é a perfeição do amor de Deus e em Deus (Agapé). Este é o horizonte para o qual caminhamos, mas também é a meta a atingir através das obras praticadas e vividas.
Já no termo da sua vida, o apóstolo Paulo pede ao discípulo Timóteo que «procure a fé» (cf. 2 Tm 2, 22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2 Tm 3, 15). Sintamos este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé. Esta é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. (diapositivo 27) Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim.

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