domingo, 27 de abril de 2014

Recordar o passado para melhor construir o presente...


Janeiro de 2008 --- Primeira visita a Angola na preparação de projetos futuros…
Kilenda - lugar que o Senhor Bispo, D. Benedito,  nos destinou

 
 Agosto de 2008 - Na Sé da Guarda – recebendo o envio missionário…

 
1º grupo enviado …
                                       
2009 – Inicio da construção do Centro missionário D. João de Oliveira Matos – na Kilenda

 

28 de Abril de 2012-  Inauguração da casa e inicio das atividades. D. Manuel da Rocha Felício Bispo da diocese da Guarda e Superior da Liga dos Servos de Jesus deslocou-se a Angola,  Kilenda, para  a bênção do edifício e  dar orientações aos membros da Comunidade que ali ficaria a residir   . Todo o povo do Municipio da Kilenda  participou,    com entusiasmo , neste evento.





 

 Passados dois anos, a Ir. Conceição Alpendre, responsável da comunidade, ali existente, deixa o seu testemunho.
28-04-2014

DOIS ANOS APÓS ...

               O que se me oferece dizer, passados dois anos de experiência numa terra do interior de Angola que, segundo o que ouvimos e observámos, ara muito carente em recursos de toda a ordem? Em boa verdade, não ficámos muito surpreendidas pois não era nada com que não contássemos já. Este povo está ainda a sofrer as sequelas de uma guerra nefasta  que, ainda não está longe e se vai distanciando como um fantasma.
No nosso íntimo havia o desejo de fazer por esta gente, algo que lhe despertasse a auto-estima e contribuísse para a sua promoção humana, sobre tudo com a alfabetização visto que o analfabetismo era em percentagem muito elevada. As crianças eram atraídas pelo “negócio” de caçar ratos e vendê-los por 100kz (menos que um euro) e a grande maioria não frequentava a escola. E se os ditos bichinhos abundavam por aqui! Ainda hoje é uma atividade que fascina os miúdos.
               Como não havia espaços suficientes para os alunos, dos quais uns largos milhares não tinham qualquer hipótese, embora as nossas instalações representassem apenas “uma gota de água no oceano” decidimos abraçar esta causa interpretando-a como um sinal de Deus, que punha à nossa frente o campo de trabalho. Não sabemos se demos os passos certos, mas tentamos agir confiando sempre n’Ele a guiar os nossos passos.
              O que fizemos nestes dois anos? Ocorre-me agora a frase de Jesus no Evangelho: “Somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos fazer”. Mas nem sabemos se nos aproximámos do que deveríamos fazer(?). Poderíamos, talvez, ter feito melhor o que fizemos? É possível. Olhando para trás, umas vezes a leitura parece-nos positiva, outras, surge-nos como um vazio e que talvez nos equivocássemos nas opções que fizemos. Mas no momento presente, apesar de muitas incertezas, conservamos um certo otimismo porque sabemos que Deus permite o mal para dele tirar o bem. E se as nossas falhas não são intencionais, aceitamo-las como limitações e recuperamos a paz.
              Experiência disso é quando nos surgem certas situações complicadas e que de certo modo nos apoquentam. A disponibilidade e ajuda de certas pessoas que surgem no nosso caminho, são sem dúvida, para nós, um indício de que Deus vem em nosso auxílio no momento oportuno.
              Ainda que, com fraca contribuição nossa, apraz-nos registar que hoje que a Kilenda está diferente, tem um rosto mais atrativo! Transformou-se num local escolhido para alguns eventos ocorridos a nível da Província, de caris paroquial e até municipal, uma vez que a nossa casa, o Centro Missionário D. João de Oliveira Matos se dispõe a acolher os que aqui se deslocam. Para os que vêm, o mais importante é encontrar um lugar bonito, como dizem, limpo e água quanto baste, ou na torneira ou no balde.
              À medida que a lembrança da guerra se vai esbatendo e distanciando, a esperança de uma vida melhor renasce em cada canto e em cada pessoa. Por enquanto a atividade desta gente é o negócio sem ambição de grande lucro. Estas gentes simples, humildes e sofridas, ensinam-nos a estar na vida com muito pouco e a reparti-lo ainda com outros. Não são ambiciosos, vivem o dia-a-dia, sem agarramento a nada. As “zungueiras” (vendedeiras), vendem num momento para logo a seguir poderem comprar o que precisam para o “matabicho”, (primeira refeição do dia). Muitas vezes dizem: “compre, compre, ainda não comi nada” e assim nos levam à certa.
              A nossa casa tem acolhido quem dela precisa. Em breve, irá acolher pela segunda vez, o Bispo da Diocese do Sumbe, D. Luzízila Kiala, que virá a esta Paróquia em visita Pastoral, de 24 a 27 deste mês. Assim, com as bênçãos do seu Pastor, os cristãos deste recanto de Angola poderão viver com maior júbilo a oitava destas festas pascais.



 
 

 

 

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