MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
«O amor de Deus é o verdadeiro tesouro do ser humano»
O mês de junho é na igreja e na
piedade popular o mês do Coração de Jesus. Devoção tardia na Igreja mas com
caris muito significativo. Na verdade esta festa acaba por conjugar o
sofrimento humano com a alegria própria de Deus. O amor divino e a Sua Justiça,
a ternura e simplicidade com a constante necessidade de combate e do
sacrifício. O humano com o divino.
Esta festa é a festa da humanidade de
Jesus e do seu amor por todos e cada um de nós. Amor que se traduz na
complacência de quem não se cansa de amar suportando todas as possíveis
ingratidões das pessoas. Nisto se revela a divindade.
Este é o mês dos dias longos, dos
dias bem quentes e extenuantes. É o tempo de se produzir e de dar fruto. Tempo
de crescimento. Na vertente espiritual podemos dizer que o mês do Coração de
Jesus é o tempo favorável para se sentir e viver toda a riqueza descrita por S.
João na sua primeira carta: “conhecer e acreditar no amor que Deus nos tem”(1º Jo. 4,16).
Leão XIII, Pio XI, Pio XII, Paulo VI
foram os papas para quem este mistério que envolve o Coração de Jesus mereceu
particular interesse. Quantos escritos não apareceram nessa altura. Particular
destaque nos merece o papa S. João Paulo II. Ele tornou-se arauto incansável do
amor deste Coração inefável. A encíclica “Dives
in Misericordia” (1980-11-30) ele a consagrou a este amor misericordioso.
Em mensagem dirigida ao Apostolado de Oração de Itália, (1984-03-30) pedia-lhes
oração e oferecimento quotidiano pela conversão dos pecadores, pelas necessidades
da Igreja e pelas autoridades civis…
Ora como sabemos, a devoção ao Coração
de Jesus expressa-se de modo particular em dois atos muitos concretos: a consagração
e a reparação.
A CONSAGRAÇÃO nada mais é senão reconhecer Jesus
como Deus, a entrega total ao Seu amor e a nossa confiança absoluta na sua
misericórdia.
A REPARAÇÃO pede-nos a caridade de rezarmos e de
nos oferecermos em sentido “vicário” também pelos outros. Tornando-se
reparadora cada pessoa manifesta, não só a sua consagração a Deus e aos irmãos,
como se afirma verdadeiro apóstolo da misericórdia assemelhando-se em tudo à
missão do Filho unigénito de Deus. É nesta dimensão que a “comunhão reparadora”
se torna significativa. Nesta teologia se enquadra e compreende a oração do
Anjo em Fátima: “Santíssima Trindade, Pai, Filho Espírito Santo adoro Vos…”
Como era conhecedor de toda a riqueza
inerente a esta doutrina o nosso Fundador e como ele a soube pôr em prática.
Ele a imprimiu, por escrito, na Obra por ele fundada e lentamente a foi inculcando
no espírito de todos os Servos. D. João quis:
A consagração mediante a santificação pessoal
sempre ligada aos compromissos batismais e na procura da santificação dos
outros; (Acta da
Fundação).
A reparação “desagravando Nosso Senhor de tantos
crimes que se têm praticado… reparando e apostolizando em todos os campos de
ação”. (Acta da
Fundação).
Amor, caridade, misericórdia, doação,
entrega, confiança, busca da salvação, generosidade, simplicidade, alegria, paz
e paciência, doçura delicadeza e bondade são alguns dos muitos gestos gerados e
que transbordam do Coração de Jesus. Gestos que o Sr. D. João sempre amou e
destacou nos seus diversos ideais. Gestos com os quais ele enquadrou e
sinalizou as Regras de vida espiritual e o Primeiro Regulamento dado à
comunidade do Rochoso, em junho, dia 13, ano de 1924, festa de Santo António.
Não
esqueçamos ainda o que D. João, a este respeito, escreveu numa outra ocasião:
“…
Há, finalmente, as almas reparadoras que formam como que um cortejo em volta do
Reparador divino e de sua Mãe, a grande Reparadora, oferecendo-se por Maria, em
união com Jesus Cristo, ao Eterno Pai, para repararem, por meio das suas
orações, sacrifícios e vida intensa de apostolado, o mal que os seus irmãos
transviados cometem contra Deus e contra a sociedade. São almas vítimas que
seguem as pisadas do Cordeiro Divino, imolado por amor dos homens e de sua Mãe,
que permaneceu firme e de pé no Calvário, até que o sacrifício estivesse
consumado. São estas almas, e só estas, verdadeiros para-raios da Justiça
Divina”
Amigo da Verdade secção Luz e vida, nº 228, 1931.
O Amor vence tudo, tudo alcança e
jamais desaparecerá.
Que este mês de Junho seja para todos
nós tempo favorável à vivência desta sublime doutrina.
Guarda 2014-01-01
Assistente Geral
P. Alfredo Pinheiro Neves
P.S.
Deixo como sugestão que as adorações eucarísticas levadas a efeito em todas as
casas, durante este mês do Coração de Jesus, não deixem de ter esta mesma
doutrina, como intenção primeira.
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