quinta-feira, 4 de setembro de 2008

FESTA ANUAL DA LIGA DOS SERVOS DE JESUS-HOMILIA DO SENHOR D. MANUEL FELÍCIO


Dia 29 /08/2008
1.
Reunimo-nos, mais uma vez, este ano, na acolhedora Vila de Manteigas, para celebrar a Festa anual da Liga dos Servos de Jesus.
Nesta data, ao mesmo tempo que comemoramos 46 anos passados sobre a partida para o Pai do Fundador, D. João de Oliveira Matos, situamo-nos diante do martírio de S. João Baptista que em muito nos pode ajudar na retoma de entusiasmo por viver o carisma da Liga dos Servos de Jesus.
É com este espírito de quem deseja regressar às fontes inspiradoras de vida autenticamente profética, dos membros da Liga, que nós desejamos celebrar a nossa Festa Anual. Uma festa que já começou ontem e se prolongou toda a noite, centrada na adoração ao SS.mo Sacramento, sem dúvida, uma das notas mais dominantes da vida do Fundador e aquela que mais identifica a vida das comunidades da Liga. Festa que tem nesta celebração Eucarística o seu momento central mais importante e se vai desenvolver durante parte significativa da tarde deste dia. Uma Festa que todos nós desejamos aproveitar para mergulhar, o mais profundamente possível, nas fontes da espiritualidade e do Carisma da Liga dos Servos de Jesus, partindo do princípio que o Fundador foi um profeta e desejou a obra da Liga para manter bem acesa, principalmente no coração da nossa Diocese, a chama do profetismo renovador das pessoas e das comunidades.
2.
E, por isso, em primeiro lugar, vamos voltar a nossa atenção para um grande profeta que a Liturgia de hoje nos apresenta, também, como exemplo, para conduzirmos a nossa vida na fidelidade a Jesus Cristo e a tudo o que Ele quer para a Igreja e para a sociedade de hoje. Como sabemos, profeta é todo aquele ou aquela que anuncia as maravilhas de Deus, mas também corajosamente denuncia todos os erros que se lhe opõem. Foi o que fez S. João Baptista. Anunciou as maravilhas de Deus, a começar pela primeira grande maravilha que foi a Encarnação do Verbo, no seio de Maria; baptizou Jesus Cristo; apontou aos seus próprios discípulos a pessoa de Cristo; soube apagar-se para deixar que as pessoas se voltassem para a verdadeira Luz que é Cristo, único Salvador do Mundo. Mas quando se tratou de denunciar os erros da vida irregular e escandalosa de Herodes, também não se calou. Esta sua atitude corajosa custou-lhe, primeiro, a prisão e, depois, o sacrifício da própria vida. Na verdade, é essa a sorte dos profetas. Foi a sorte de João Baptista, mas já tinha sido antes a sorte de outros profetas como foi o caso de Jeremias, como hoje nos é referido na primeira leitura. Uma certeza acompanha sempre o profeta que corajosamente se coloca do lado de Deus para serviço da comunidade e da própria sociedade. Essa certeza é a do conforto espiritual que nunca lhe faltará para o desempenho da sua missão.
3.
Ser profeta é uma missão muito importante na vida da Igreja que existiu ontem, precisa de existir hoje e nunca deixará de existir, por graça de Deus. Essa missão é a missão de todos os discípulos de Cristo aos quais está confiado o encargo de viver e anunciar o Evangelho na sua verdade total, sem esconder os aspectos e propostas de vida evangélicos, que mais marcam a diferença em relação à mentalidade e aos comportamentos comuns dos homens e mulheres do nosso tempo. Também este é o profetismo, a missão profética confiada à Liga dos Servos de Jesus, pelo Fundador, missão profética que hoje, mais do que nunca, nos está a ser pedida pela Igreja e pelo próprio mundo. Ao interrogarmo-nos sobre a missão profética que hoje nos é confiada para serviço da Igreja e do mundo, neste dia de Festa, é bom recordar a grande intuição do Fundador, D. João de Oliveira Matos. Ele desejou que toda a nossa Diocese fosse atravessada por uma grande rede constituída por homens e mulheres, dedicados à vivência da Fé e à formação da mesma Fé. Este grandioso projecto, voltado para a Evangelização e a vivência da Fé em todas as nossas comunidades, entendeu ele, e bem, que deve assentar numa forte espiritualidade, sobretudo eucarística. Por isso, as comunidades da Liga espalhadas pela Diocese hão-de ser focos de forte vivência espiritual e também de aprofundamento da Fé, principalmente empenhados em mobilizar os ambientes para a mesma causa.
Sendo assim e para cumprirem as verdadeiras intenções do Fundador, as nossas comunidades têm de ser, hoje, principalmente, escolas de espiritualidade e escolas de formação na Fé, capazes de identificar nos distintos lugares e ambientes, as pessoas com capacidade para entrar nesta grande rede de serviço evangelizador, acolhê-las, motivá-las, prepará-las e acompanhá-las. Para cumprir esta sua importante missão na vida da Diocese, as comunidades da Liga têm de se abrir mais aos meios onde estão situadas, têm de ser mais acolhedoras das pessoas, têm de ir mais ao encontro das pessoas para as conhecer, e descobrir as que têm mais capacidades e, depois, motivá-las a participarem com entusiasmo na obra maravilhosa da Evangelização. Isto é o que, de facto, a Igreja e o mundo nos pedem para assumirmos corajosamente a nossa responsabilidade missionária. É também essa responsabilidade missionária que nos recordam as nossas três irmãs que, no passado dia 11 deste mês, depois de uma celebração de envio junto ao túmulo do Senhor D. João de Oliveira Matos, no Outeiro de São Miguel, partiram em missão «ad gentes» para a diocese de Sumbe, em Angola. A Maria da Conceição Alpendre, a Maria Alcide de Sousa e a Maria Ascensão Alpendre são, de facto, nesta hora e para todos nós, um apelo vivo de Deus a vivermos a nossa vida pessoal e em comunidade, inteiramente subordinada à responsabilidade de evangelizar e, em particular, a responsabilidade de contribuirmos para que a nossa Diocese se organize mais e se prepare para a missão evangelizadora. Era também essa a vontade do Senhor D. João de Oliveira Matos, quando imaginou, e, em grande medida, criou, uma autêntica rede capilar, estendida por toda a Diocese e animada pela Liga dos Servos de Jesus, com o grande objectivo de fazer de cada comunidade paroquial ou outra, uma comunidade viva de fé e de apostolado. Esperamos todos que o Congresso Diocesano, agendado para os próximos dias 26 e 27 de Setembro, na Guarda, com o qual desejamos por em andamento o novo ano pastoral, nos ajude a perceber estas e outras intuições pastorais do nosso Fundador que em muito podem continuar a contribuir para a renovação pastoral da nossa Diocese. Por tudo o que acabamos de dizer, facilmente concluímos que as comunidades da Liga dos Servos de Jesus não existem por causa de si mesmas e muito menos por causa das irmãs que as habitam. Elas existem para cumprir a missão de organizar e animar a grande rede dos evangelizadores, que hão-de contribuir para revitalizar, pastoralmente, a nossa Diocese e, se possível, irem mais longe, para além das fronteiras da nossa Diocese, como está a acontecer com o grupo das irmãs que acabam de partir para Angola.

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