segunda-feira, 6 de maio de 2013

"ERAM ASSÍDUOS À ORAÇÃO, AOS ENSINAMENTOS DOS APÓSTOLOS, À COMUNHÃO FRATERNA E À FRAÇÃO DO PÃO..." Atos dos Apóstolos


NÚCLEO DE LISBOA DOS SERVOS DE JESUS 

Reunião de 4 MAI2013

Reflexão sobre o Ano da Fé
A – O Ano da Fé
            
Qual teria sido a razão desta iniciativa da Igreja sobre o Ano da Fé?
Segundo o Arcebispo Fisichela – Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização: “O Ano da Fé procura, acima de tudo, sustentar a fé de tantos crentes que, no cansaço do dia-a-dia, não deixam de confiar com convicção e coragem na própria existência do Senhor Jesus”.
É portanto um “convite para fazermos um esforço no sentido de renovar e revitalizar a nossa fé em Jesus Cristo” – assim disse o nosso Bispo D. Manuel Felício. Visa, em consequência, o aprofundamento pessoal dos conteúdos da Fé, pois sem fé não se pode agradar a Deus.

B – O que é a Fé?

Não existe uma definição científica de Fé, enquanto sentimento que é. Podemos, no entanto, fazer uma aproximação ao seu conteúdo.
Assim, comecemos por dizer que a Fé é um dom inexplicável e completamente gratuito, fruto da acção directa do Espírito Santo.
A Fé actua pelo Amor (como referido na Carta de S. Paulo aos Gálatas) e é a Fé que dá existência ao invisível.
Trata-se de uma virtude teologal que é o motor da nossa vida moral.
É a Porta de entrada para Jesus Cristo, logo é inegavelmente o fundamento do cristianismo.
A Fé verdadeira pede e exige a adesão do intelecto, porque ela representa o conhecimento de saber assimilar o dom de Deus. Deus revela-se-nos dando-nos a conhecer o seu mistério de amor. A palavra revelada convida à Fé e a nossa adesão emana, nomeadamente, da leitura e compreensão dos Livros Sagrados.
A Fé purifica o coração, a consciência e a nossa própria vida. É o início de uma caminhada, de uma peregrinação, que só termina na vida eterna.
Quando olhamos para a história da Igreja, podemos apontar, entre outros, os seguintes magníficos exemplos de Fé:
            
- No Velho Testamento, a figura de Abraão dito nosso pai na Fé;
            
- No Novo Testamento, a figura de Maria com seu “Fiat". De salientar, também, os exemplos de S. José e dos Apóstolos.
Meditando sobre estes exemplos, particularmente o de Maria, podemos ver neles a Fé que nos pode levar a compreender o sentido último e a verdade definitiva sobre a nossa existência no 
mundo e futura participação na vida eterna.
                         (Referir Locais de culto Mariano e múltiplas mensagens de Maria)
Só daremos a Nª SENHORA o lugar que Deus Lhe deu, se fizermos a caminhada da Fé enquanto membros da Igreja.
                        
C – Ferramentas Tonificadoras da Fé
            
Os tonificantes mais fortes para a fé são os SACRAMENTOS. O mais adequado e poderoso é a EUCARISTIA. Pode dizer-se que a Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja. De facto, ali recolhemos o alimento que perdura e dá a vida eterna.
            
Toda a graça, toda a santidade, toda a divinização vem da Eucaristia. O Verbo faz-se carne ao transformar-Se em natureza humana, para tornar o homem participante na Natureza Divina.
            
Aquando da Concelebração para a Conclusão do Ano da Fé, em 1968, proclamado por Paulo VI, foi por ele feita uma homilia, onde realça o extraordinário significado da Santa Missa, afirmando:
            “Cremos que a Missa, celebrada pelo sacerdote, que representa a pessoa de Cristo, em virtude do poder recebido no sacramento da Ordem, e oferecida por ele em nome de Cristo e dos membros do seu Corpo Místico, é realmente o Sacrifício do Calvário, que se torna sacramentalmente presente em nossos altares. Cremos que, como o Pão e o Vinho consagrados pelo Senhor, na última ceia, se converteram no seu Corpo e Sangue, que logo iam ser oferecidos por nós na Cruz, assim também o Pão e o Vinho consagrados pelo sacerdote se convertem no Corpo e Sangue de Cristo que assiste gloriosamente no céu. Cremos ainda que a misteriosa presença do Senhor, debaixo daquelas espécies que continuam aparecendo aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial.
            Neste sacramento, pois, Cristo não pode estar presente de outra maneira a não ser pela mudança de toda a substância do pão no seu Corpo, e pela mudança de toda a substância do vinho no seu Sangue, permanecendo apenas inalteradas as propriedades do pão e do vinho, que percebemos com os nossos sentidos. Esta mudança misteriosa é chamada pela Igreja com toda a exactidão e conveniência transubstanciação. Assim, qualquer interpretação de teólogos, buscando alguma inteligência deste mistério, para que concorde com a fé católica, deve colocar bem a salvo que na própria natureza das coisas, isto é, independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho deixaram de existir depois da consagração, de sorte que o Corpo adorável e o Sangue do Senhor Jesus estão, na verdade, diante de nós, debaixo das espécies sacramentais do pão e do vinho, conforme o mesmo Senhor quis, para se dar a nós em alimento e para nos associar pela unidade do seu Corpo Místico.
            A única e indivisível existência de Cristo nosso Senhor, glorioso no céu, não se multiplica mas se torna presente pelo Sacramento, nos vários lugares da terra, onde o Sacrifício Eucarístico é celebrado. E depois da celebração do Sacrifício, a mesma existência permanece presente no Santíssimo Sacramento, o qual no sacrário do altar é como o coração vivo de nossas igrejas. Por isso estamos obrigados, por um dever certamente suavíssimo, a honrar e adorar, na Sagrada Hóstia que os nossos olhos vêem, ao próprio Verbo Encarnado que eles não podem ver, e que, sem ter deixado o céu, se tornou presente diante de nós.”
            
Também os restantes Sacramentos (Baptismo, Confirmação, Reconciliação e Matrimónio), se vividos e sentidos com o coração, contribuem para melhor vivenciar e aumentar a nossa Fé.
            
Uma outra forma de alimentar e aumentar a Fé é a ORAÇÃO que deve ser feita através de Jesus Cristo e de Maria, e duplamente com a inteligência e com o coração:
            
- A oração exprime a vitalidade da Fé;
           
 - A oração é como o fermento na massa para fazer crescer a Fé.
            
A chave para que a Oração seja eficaz é a união do significado literal com o sentimento e a emoção. A oração paradigmática da Fé é o Credo. Neste particular, há que saber aprofundá-lo e interiorizá-lo, integrando-o na nossa existência. É que, ao dizer o Credo, falamos de acontecimentos históricos autênticos e alguns sobrenaturais que são eventos salvíficos, ou seja, portadores da salvação realizada pelo Redentor Ressuscitado. No Credo insere-se a vida moral do cristão que nele vai encontrar o fundamento e a justificação do seu ser. Senão vejamos, em comentário partilhado:
            ORAÇÃO DO CREDO
Creio em um só Deus 
Pai todo-poderoso, 
criador do céu e da terra 
de todas as coisas visíveis e invisíveis. 
(Aqui proclamamos ser filhos dum Pai omnipotente, criador de todas as coisas. As visíveis aos nossos olhos, e as invisíveis só “visíveis” aos olhos da Fé)
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, 
Filho Unigénito de Deus, 
nascido do Pai antes de todos os séculos; 
Deus de Deus, 
Luz da Luz, 
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; 
gerado, não criado, 
consubstancial ao Pai.

(Aqui registamos a condição unigénita e filial de JC, consubstancial ao Pai)
Por ele todas as coisas foram feitas. 
E por nós, homens, e para nossa 
salvação, desceu dos céus 
e encarnou pelo Espírito Santo, 
no seio da Virgem Maria, 
e se fez homem.
(Aqui recordamos a dupla natureza do Salvador)
Também por nós foi crucificado sob 
Pôncio Pilatos; 
padeceu e foi sepultado.
(Aqui constatamos que JC morreu por todos nós para nos salvar)
Ressuscitou ao terceiro dia, 
conforme as Escrituras, 
e subiu aos céus, 
onde está sentado à direita do Pai.
(Aqui lembramos a Ressureição de JC, base da nossa Fé)
De novo há-de vir, em sua glória, 
para julgar os vivos e os mortos; 
e o seu reino não terá fim.
(Aqui auguramos a prometida 2ª vinda de JC)
Creio no Espírito Santo, 
Senhor que dá a vida, 
e procede do Pai e do Filho; 
e com o Pai e o Filho 
é adorado e glorificado: 
Ele falou pelos profetas.
(Aqui proclamamos o dogma da Santíssima Trindade)
Creio na Igreja, 
una, santa, católica e apostólica. 
Professo um só baptismo 
para a remissão dos pecados. 
E espero a ressurreição dos mortos 
e vida do mundo que há de vir.       
Ámen.
(Finalmente assinalamos a Igreja Universal e a crença na vida eterna)

          
A par da Oração, é importante a ADORAÇÃO ao SS, tão abandonado no Sacrário. Ele deverá por nós ser visitado e adorado sabendo sempre dizer-Lhe como S. Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”.
Igualmente a MEDITAÇÃO, o ESTUDO e LEITURA da Palavra de Deus servem admiravelmente para alimentar e aumentar a Fé. Tenhamos em conta que a Fé e a Razão, longe de se oporem uma à outra, podem cooperar juntas para um maior conhecimento de Deus e para uma compreensão mais profunda do ser humano. Segundo Bento XVI devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus transmitida fielmente pela Igreja. Temos de esforçar-nos por conhecer mais e melhor a doutrina de Cristo e desse modo poder transmiti-la aos outros.
Jesus Cristo é o Verbo, é a Palavra por excelência. Toda a sua Palavra nos abre para a esperança da vida eterna. Através da palavra se faz oração, se faz missão e ao levá-la aos outros praticamos a CARIDADE.
           
Para o cristão, não há Fé sem Caridade.
           
Com efeito, a Caridade ajuda a Fé. A Fé viva e interiormente vivida vai desabrochar na Caridade traduzindo-se assim numa vida espiritual verdadeiramente sã.   Na Sagrada Escritura vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a Fé, está estritamente relacionado com a amorosa solicitude pelo serviço em favor dos mais desfavorecidos.
            
D – Como Viver o Ano da Fé
Temos logicamente que viver a vida real do dia-a-dia. A autonomia das realidades terrestres é reconhecida pela Igreja e não está em contradição com a fé, embora algumas vezes os espíritos se deixem arrastar por princípios materialistas sempre que a natureza humana se encontre viciada pelo pecado.
Mas o trabalho da Igreja é também o de aperfeiçoar a actividade humana, por todos os meios que reflectem a verdade dos mistérios da Incarnação e da Redenção, procurando levar assim o género humano à posse de uma nova terra e um novo céu.

O mundo materialista e ateu não pode compreender as verdades espirituais que nos esperam para além da vida terrestre, mas é por elas que temos de lutar, cheios de confiança e revestidos de amor.

Quão triste não sentir o conforto da fé! Viver sem fé é viver numa penosa solidão, sem nada nem ninguém com quem partilhar as imensas riquezas humanas que estão dentro de nós.           
           
Viver o Ano da Fé exige de nós a prática dos Mandamentos. Estes são o caminho da Caridade e, como atrás dito, não há Fé que dê fruto sem Caridade. O Amor ao próximo é a regra de ouro, sempre ao nosso alcance, e insubstituível – enquanto Servos de Jesus – para merecermos o amor de Deus.
            
Uma Fé sem obras (leia-se Caridade) é como uma árvore sem frutos.
           
A Fé faz-nos reconhecer os dons recebidos de Deus; a Caridade fá-los frutificar. Poderíamos dizer: Prioridade da Fé, Primazia da Caridade.
A Fé precede a Caridade, mas só será genuína, se for coroada por esta.
            
Gostaria de terminar, rezando convosco a bela oração do Beato Foucauld:

Oração do Abandono (Beato Charles de Foucauld)
           

Meu Pai,
Eu me abandono a Ti,
Faz de mim o que quiseres.
O que fizeres de mim,
Eu Te agradeço.

Estou pronto para tudo, aceito tudo.
Desde que a Tua vontade se faça em mim
E em tudo o que Tu criaste,
Nada mais quero, meu Deus.

Nas Tuas mãos entrego a minha vida.
Eu Te a dou, meu Deus,
Com todo o amor do meu coração,
Porque Te amo
E é para mim uma necessidade de amor dar-me,
Entregar-me nas Tuas mãos sem medida
Com uma confiança infinita
Porque Tu és... Meu Pai!

Núcleo de Lisboa dos Servos de Jesus

João Afonso Bento Soares

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